Capacitores de Acoplamento em Áudio

E aí começou uma complicação: capacitores em série com o sinal o degradam. Dependendo do nível de distorção envolvido, isso pode ser significativo.

Como as impedâncias de entrada e de saída dos adaptadores devem ficar na casa de 2kΩ e a frequência de corte inferior da interface é de 20Hz (-1dB), com queda gradativa até bem próximo de CC, o capacitor de acoplamento a ser utilizado  precisa ter valor elevado.

Para circuitos de áudio, o melhor capacitor para a função seria o de polipropileno, mas capacitores desse tipo, da ordem de dezenas de microfarads, são grandes e caros, dificultando a montagem.

É tentador utilizar capacitores eletrolíticos para isso, muito menores para as mesmas capacitâncias; mas será que eles irão agregar distorção e ruído significativos à interface?

Este é um assunto que, por vezes, gera alguma controvérsia, e duas referências interessantes sobre ele estão listadas abaixo.

https://linearaudio.nl/cyril-batemans-capacitor-sound-articles, que é um trabalho de altíssima qualidade sobre o assunto e leitura obrigatória, emho, para quem projeta circuitos de filtros.

https://audioxpress.com/article/practical-test-measurement-stop-worrying-about-coupling-capacitors

Também o Douglas Self, em seu (excelente) compêndio sobre circuitos de pequenos sinais em áudio (Small Signal Audio Design 3ª edição, página 80, Routledge) nos mostra o seguinte:

“A minha opinião é que eletrolíticos nunca devem, em nenhuma circunstância, ser usados para definir constantes de tempo em áudio. Deve haver uma constante de tempo no início do caminho do sinal, com base em um capacitor não-eletrolítico, que determina o limite inferior da largura de banda e todas as constantes de tempo baseadas em eletrolíticos devem ser muito maiores, para que os capacitores eletrolíticos nunca possam ter tensões de sinal significativas neles e, portanto, nunca gerem distorção mensurável.”

Para demonstrar o tamanho do problema, Self fez um teste com um circuito típico passa-altas, utilizando um capacitor eletrolítico, (figura 2.19 da mesma referência) que é mostrado na figura a seguir.

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