Utilizar placas de áudio de PC é uma solução muito boa, mas padece de um problema: uma interface desse tipo não é feita para suportar sinais elevados em suas entradas. Precisam de um estágio de atenuação para permitir a análise de sinais que podem atingir 100Vrms, ou mais, no caso de amplificadores mais potentes.
E este é um problema sério. Construir atenuadores não é difícil, mas fazê-los com baixa distorção e ruído, e protegidos, é complicado.
Nas análises de distorções e ruídos da ordem de 0,0001%, mesmo o comprimento do cabo que leva o sinal à interface pode prejudicar significativamente a medição.
A resposta em frequência é outro problema: somente algumas das interfaces de áudio mais caras, normalmente para uso em estúdio, apresentam resposta que ultrapassa os 100kHz. Isso normalmente não é problemático para análise de distorções, mas dificulta a medição de respostas mais extensas, que muitos projetos modernos (e não tão modernos), apresentam. Neste caso, medir com a tradicional varredura manual de frequências resolve, e, também, muitos osciloscópios atuais apresentam a função de “Bode Plot”, que resolve a questão.
Muito bem, mas o leitor mais atento pode estar se perguntando: Tá bom, mas o que tudo isso aí tem a ver com capacitores de acoplamento de áudio?
A explicação também leva mais algumas linhas, mas creio que é interessante.
Como já citado, um grande problema na utilização dessas placas é a proteção das entradas e, no meu caso, utilizo um circuito passivo, com resistores, diodos LED e potenciômetros multivoltas, que é bem efetivo. Agrega muito pouco ruído e distorção à placa de áudio, exatamente pela sua simplicidade.
Ao adquirir uma nova placa para essa função, superior à atual, repliquei a solução acima para ela, e esperava obter resultados superiores nos testes em loopback, mas não foi o caso. Descobri que, com as entradas e saídas da nova placa são balanceadas, a utilização em modo não balanceado resulta em uma performance bastante inferior, particularmente no caso das saídas.
Com isso precisei modificar a interface e agregar estágios que convertem saídas balanceadas em desbalanceadas e entradas balanceadas em desbalanceadas.
Fui à prancheta e ao simulador e bolei as interfaces, que utilizam amplificadores operacionais de baixíssima distorção e uma fonte de baixo ruído também. Ela precisa ter proteção contra DC na entrada, e, assim, precisei agregar capacitores ao circuito.