MANUTENÇÃO DOS MÓDULOS DE POTÊNCIA
Inicialmente os dois módulos dos canais foram separados do chassis, seus eletrolíticos foram substituídos e foram feitos os ajustes de corrente de repouso e de nível DC à saída. Sobre os resistores de emissor o ajuste foi de aproximadamente 27,5mV.
Tudo funcionou a contento e o módulo, com nossas fontes estabilizadas de laboratório fornecendo 62VCC simétricos, nos permitiu entregar 190W contínuos em 8 ohms de carga a 1kHz, mostrando compatibilidade com o especificado no manual do equipamento. Com a fonte não estabilizada do amplificador, entretanto, a situação foi diferente.
Comparando a placa com o esquemático oficial da Cygnus, verificamos alguns pontos que nos chamaram a atenção:
– os transistores Q106, Q107, Q206 e Q 207 deveriam ser os BD139/140, entretanto estavam colocados os TIP31C e TIP32C. Neste caso, os BD da época, fabricados pela Philips, tinham fT máximo de 190MHz (BD139) e ganho máximo de 250, muito superiores aos dos TIPs, na casa dos 3MHz e ganho máximo de 50! Particularmente nessa função, fT e ganho maiores são desejáveis e com certeza a performance do equipamento poderá ser prejudicada em relação ao componente constante do manual. A vantagem do TIP seria o maior VCEo, o que talvez tenha sido o motivo da troca. Desta forma, como não tínhamos mais os BD139 da Philips em nosso estoque, substituímos os TIPs pelo par 2SC4793/2SA1837, da Toshiba, ainda disponíveis no mercado e com características elétricas mais próximas dos BD originais. O VCEo de 230V foi um bônus bem vindo;
– Idem para os transistores Q111, Q112, Q211 e Q212. Que deveriam ser 2SD401 e 2SB546. Neste caso, apesar de similares em ganho e fT, o VCEo do TIP31C é de 100V, o que não é recomendável para um amplificador que pode vir a trabalhar com até 124VCC de tensão de malha a malha (62V simétricos). Assim, foram substituídos pelo par MJE15032/MJE15033, com características um pouco superiores e VCEo em confortáveis 250V.
Com isso, temos também características que nos permitirão explorar com segurança os limites deste amplificador, como vocês verão mais abaixo.
Adicionalmente, providenciei as seguintes alterações, especificamente quanto à proteção contra curtos, que, pelo tipo de circuito, pode apresentar ruídos quando acionada, em tensões elevadas. Para uso em residências isso não é grande problema, a meu ver, pois o amplificador tem reserva de potência suficiente para audições em altos níveis sem saturar:
– considerando-se a potência nominal contínua em 4 ohms constante do manual e o tipo de circuito de proteção empregado, retirei R123, R124, R223 e R224 e substituí por capacitores bipolares de 10uF/50V em paralelo com resistores de 8k2 ohms, para permitir alguma inércia nos picos musicais sem acionamento indevido da proteção. Uma referência sobre isso pode ser encontrada em Cordell, Designing Audio Power Amplifiers, segunda edição, página 431. Esses valores podem ser alterados conforme a conveniência;
– Os valores de R126, R129, R226 e R229 foram alterados para o valor de 255 ohms (470 ohms em paralelo com 560 ohms), para maior precisão de acionamento na potência nominal.
Uma última alteração que providenciamos foi no circuito de VU meter. Alguns relatos nas redes e grupos de discussão citam degradação sonora com o uso desse circuito. Analisando-o pude observar que há uma coleta da tensão de saída do amplificador por intermédio de retificação em meia onda, com um integrador básico para o seletor de nível de sinal amostrado. Apesar dos baixos valores dos capacitores envolvidos, instantaneamente, em situações de transientes e em alta frequência, eles apresentam baixo módulo de impedância e poderiam acionar indevidamente os limitadores do estágio de saída. Não percebi maiores problemas com isso, mas preventivamente adicionei resistores de 82 ohms em série com as entradas da placa do VU. Esse valor é 10 vezes maior, em módulo, do que a impedância nominal de trabalho do amplificador e deve fornecer razoável isolamento em relação ao VU, que, a propósito, não tem muita precisão em altas potências, pelo menos o que está na minha unidade.
Também providenciamos blindagem de cobre em torno das áreas de baixo nível de sinal, para isolar o zumbido proveniente da chave seletora de tensão e do porta-fusível.
Tratamos, então de remontar o equipamento, para colocá-lo em funcionamento e providenciar os testes objetivos.
Análise e descrição da restauração detalhadas, fazendo juz ao legado da conhecida revista Antenna. Parabéns pela iniciativa!
Obrigado Fábio,
Por enquanto é experimental. Com o tempo, iremos colocar em produção. Abraço,
Sensacional trabalho Marcelo. O q nao é novidade né
valeu, Albano!
Parabéns pelo trabalho, Yared.
Está excelente.
Abraço.
Obrigado, Régis!
Muito feliz com a volta da revista. Vida longa!
Nabuco, como andam os projetos? Tenho certeza que tens boas matérias para a revista. Vamos deixar a revista sempre interessante
Parabéns pelo trabalho
Obrigado, Alan!
Excelente artigo! Parabéns!
Obrigado Regivaldo!
Excelente matéria! Lembrei das análises de Pierre Henri Raguenet na Antenna dos anos 1970/80. Parabéns!
Obrigado, Alexandre! Fique de olho pois haverá mais análises, inclusive de equipamentos que o Eng. Raguenet e o Gilberto Jr. analisaram na época, para comparação.
Abraço,
Falar sobre a competência e o conhecimento técnico do Yared é como chover no molhado. Fica aqui registrado os meus Parabéns pela iniciativa e empenho em resgatar o legado desta incrível revista. Grande abraço Marcelo!!!!
Obrigado Tonhão! Os amigos da confraria estão convidados a colaborar! Abraço,
Prezado, deparei agora com este retorno e fiquei muito feliz, as 3 análises que vi são impecáveis a altura da publicação. Agradeço imensamente o seu empenho.
Existe possibilidade de publicação da revista em papel?
Obrigado, Cláudio! Quanto à publicação em papel, cremos que o tempo vai dizer. Se o público leitor gostar e houver demanda significativa, quem sabe Antenna Edições Técnicas possa voltar a imprimir e remeter, na forma de assinatura, por exemplo, as revistas, como ocorria até 2007? Em breve publicaremos a edição de outubro, com mais análises e novidades. Fique de olho. Abraço,
Prezado Cláudio, obrigado. Em junho deveremos ter novidades sobre a impressão. Fique de olho. Abraço,
Excelente explanação. Muito técnica e completa. Parabéns, muito sucesso a todos !
Obrigado, Bruno. Abraço,
Muito boa análise do aparelho e restauração rica em detalhes
E importante saber o que temos em mãos tecnicamente
Parabéns e muito sucesso
Abraços
Obrigado, Denny! Forte abraço,
Gente boa, eu coloquei esses MJE15032/MJE15033 e 2SC4793/2SA1837, conforme dita o texto, supracitado, porém não obtive êxito. O off set, simplesmente, desapareceu! Além de não conseguir controlar o off-set, via trimpot ( R117 ), o VU do Pa-1800D, mostrava três led’s acesos intermitentemente.
Prezado Humberto, é meio complicado saber o que está errado a partir de seu relato, mas, a primeira coisa que me vem à mente é tentar saber se esses componentes não são falsos e se foram colocados corretamente. Esse amplificador é muito simples e esses transistores muito comuns, de forma que não é comum ter problemas desse tipo com transistores originais. Lembre-se de que os BD e os 2S têm disposição de pinos diferentes.
ANTENNA, pode ser que sejam falsos! Você tem razão. Eu… rsrsrsrs apelei e coloquei somente os 2SC4793 e 2SA1837, tanto nos drivers quanto nos excitadores. Funcionou legal! Sim, eu fui pelo esquema, seguindo as referências aqui informadas! Sei que diferem, um é PNP e o outro é NPN. Os agudos ficaram cristalinos! Show!
À propósito, como obter componentes autênticos? Sério mesmo, é difícil!
Finalmente, existe algo que possa nos ajudar para não cooperar com os falsários?
Vossa postagem é valiosa! Muito obrigado!
Que bom que funcionou, Humberto! De fato, conseguir ter confiança nos transistores no comércio nacional é complicado. Neste artigo https://revistaantenna.com.br/transistores-falsos-como-reconhece-los/, você encontrará uma maneira prática de diminuir muito as incertezas. O que eu pratico é não comprar transistores de potência no eBay, Ali etc, apenas na Mouser, Arrow, Newark e outros grandes revendedores internacionais. Quanto aos drivers, compro regularmente nas lojas locais, mas meço também as capacitâncias entre base e emissor, pois, no caso dos MJE150XX, por exemplo, que já têm pastilhas grandes, ela deve se situar em torno de 1,5nF a 1,7nF. meça os que você acha que são falsos, com o processo descrito no artigo citado, e compare. Abraço,
Excelente trabalho. Muito útil para quem dá manutenção nesses amplificadores.
Com referência ao seguinte parágrafo:
“– Idem para os transistores Q111, Q112, Q211 e Q212. Que deveriam ser 2SD401 e 2SB546. Neste caso, apesar de similares em ganho e fT, o VCEo do TIP31C é de 100V, o que não é recomendável para um amplificador que pode vir a trabalhar com até 124VCC de tensão de malha a malha (62V simétricos). Assim, foram substituídos pelo par MJE15032/MJE15033, com características um pouco superiores e VCEo em confortáveis 250V.”
Pergunto: será que muda algo, em termos de qualidade sonora, Graves/Agudo, caso eu mude esses MJE-15032/15033 para 2SC4793/2SA1837, também? Ou seja, tanto os drivers quando os excitadores forem 2SC4793/2SA1837 ? Quais seriam os prós e os contras?
Prezado Humberto, do ponto de vista técnico, considerado o tipo de circuito, não vejo porque será muito melhor, ou pior. Não creio que você vai conseguir perceber diferenças de qualidade sonora. O MJE é um transistor mais robusto, mas não me parece que, para impedâncias de carga e regimes musicais normais, isso vá fazer diferença para esse amplificador. Minha única recomendação é mantê-lo no dissipador de calor utilizado, com pasta térmica. Abraço,
ANTENNA, muito obrigado pela valiosa informação! Aliás, meus sinceros agradecimentos pela rapidez nas respostas. Show! Rogo ao Nosso DEUS para que, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, os mantenha nessa presteza e protegendo a todos nós! Amém!
Caro Marcelo. Como eu disponho de uma quantidade considerável de MJE15032/33 originais, pois foram comprados na Mouser, optei em usá-los tanto nos excitadores quanto nos Drivers. Algum inconveniente nisso?
No lugar dos 2SB438/2SD560 utilizei os MPSA42/92, de mesma procedência.
A propósito, eu utilizei esses MJE no lugar dos Drivers TIP 42/42 do TONOS ST 200 e o resultado também foi muito bom.
Creio que deve funcionar, srm problemas, Marcos. Atente apenas para o HFe mínimo do transistor que será substituído. No caso dos TIP, sem nenhum problema, com certeza.
Achei o Cygnus mais bonito que o Nikko