Jaime Gonçalves de Moraes Filho*
O Surgimento dos “Kits”
O final da década de 1940 apontava para uma série de novidades nos anos seguintes, a começar pelo início das transmissões de TV no Brasil, o que certamente iria demandar uma grande quantidade de técnicos especializados e o emprego de instrumentos bem mais sofisticados do que aqueles até então utilizados em rádio reparações.
Em matéria de componentes, o surgimento do transistor nos prometia algo com durabilidade infinita e baixo custo, causando um grande impacto na comercialização dos dispositivos eletrônicos, popularizando de vez o rádio.
Nos Estados Unidos torna-se uma verdadeira febre o “faça você mesmo” (DIY – “Do it yourself ‘) fazendo surgir a moda dos “Kits”, pois, com o retorno do enorme contingente de ex-combatentes, ávidos por algum tipo de distração, despertaram o interesse de determinados fabricantes, que se aproveitaram da grande quantidade de componentes eletrônicos, vendidos a baixo custo como excedentes de guerra.
Grandes grupos, como Heathkit, Lafayette e Allied se mantiveram no mercado por mais de 30 anos, fornecendo kits ao mercado. Importante registrar que a finalidade do produto era proporcionar a distração e o lazer, o que, em alguns casos, criava algumas distorções, com o custo de um “kit’ sendo maior do que o do mesmo produto já pronto, comercializado em uma loja.
Animados com a oportunidade e incentivados por uma legião de leitores, Gilberto Affonso Penna e Renato Cingolani resolvem criar a seção “A Montagem do mês”, na qual era descrita com detalhes a montagem de determinado equipamento eletrônico, que ficava exposto na Redação para exame por parte dos interessados. Um estabelecimento do ramo patrocinava a montagem e se encarregava de comercializar o conjunto de componentes (kit).
* Professor de Física e Engenheiro de Eletrônica