Jaime Gonçalves de Moraes Filho*
Os Primórdios do rádio
De nada adiantariam os transmissores instalados para a exposição comemorativa do Centenário da Independência, se praticamente toda a população não possuía meios de receber as transmissões. Para contornar tal problema, as empresas envolvidas importaram e distribuíram 80 receptores, que foram distribuídos nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói e Petrópolis.
É verdade que alguns poucos admiradores da nova tecnologia possuíam receptores de rádio, com os quais era possível, no meio de muita estática e ruídos atmosféricos, ouvirem algumas emissoras do exterior. Era comum, para esses entusiastas, que acabaram por formar o primeiro núcleo de Rádio-Amadores, se reunirem na calçada defronte da Casa F.R. Moreira, na Avenida Rio Branco, esquina com a Rua do Rosário, para a troca de ideias e componentes ou eventualmente a aquisição de alguma peça importada.
As poucas revistas existentes sobre o assunto Rádio eram importadas da França e dos Estados Unidos e repassadas avidamente de mão em mão.
Naquela ocasião não havia ainda receptores comerciais à venda. A solução era improvisar, enrolando bobinas em garrafas de vidro e fabricando capacitores com lâminas de alumínio. A aquisição de uma válvula era algo a ser comemorado, sendo acessível apenas para os mais abonados. Por esse motivo, o tipo de receptor mais utilizado era o “Galena”, onde um cristal de Sulfeto de Chumbo (Galena) fazia a detecção das ondas de rádio, acionando um par de fones.
*Engenheiro de Eletrônica e Professor de Física