No caso de amplificadores valvulados, dado que as válvulas são elementos que trabalham com tensão mais alta e com baixa corrente, para que seja possível o acionamento de alto-falantes que demandam correntes elevadas, é normalmente necessário utilizar-se um transformador de acoplamento na saída do amplificador ( não vamos aqui citar os valvulados sem transformador – OTL – dada a relativa raridade dos mesmos).
Esse transformador acaba por introduzir uma série de restrições de projeto que acabam por um lado, restringido a performance objetiva (aquela que pode ser obtida por meio de medições) dos mesmos e, por outro lado, introduzindo certas características que são responsáveis pelo tão conhecido “som de válvula”.
A necessidade de se acionar alto-falantes em baixa impedância também gera problemas nos amplificadores transistorizados. Por uma questão de eficiência e custo, é necessário reduzir-se a geração de calor, e por isso utiliza-se uma topologia chamada de classe AB, que também tem suas limitações. A principal delas é o que se chama de distorção de cruzamento (ou cross-over), cuja supressão ainda é a maior limitação dessa topologia.
Na década de 1960, foi desenvolvida uma classe extremamente eficiente, chamada de classe D, que é a tecnologia que melhorou muito no campo da áudio amplificação, nas últimas décadas, e que gera muito menos calor quando em funcionamento. Essa classe não padece de distorção de cross-over, mas tem algumas outras limitações, que estão sendo eliminadas conforme a tecnologia amadurece. Hoje, está consolidada como uma excelente opção de alta eficiência e alta qualidade de reprodução.
Logicamente, quando tocamos nesse assunto, imediatamente se pensa em qual tecnologia é mais adequada ou produz o melhor som. O debate é antigo, e se resume na seguinte pergunta: quem tem o melhor som, os amplificadores valvulados ou os transistorizados?
O assunto é polêmico, existe há décadas, e tocar no assunto novamente pode soar como chover no molhado. Mas, talvez, uma visão fundamentada e não enviesada para nenhum lado possa ser útil para esclarecê-lo.
Naturalmente, se você usa multicanal, a escolha natural será o uso de amplificadores transistorizados, dado o espaço utilizado, o custo elevado e o calor gerados por, pelo menos, 7 canais valvulados. A mesma escolha ocorre em aplicações automotivas (apesar de existirem alguns poucos produtos valvulados nesse segmento) e em aplicações profissionais para PA (Public Address), porém em função de outras restrições. Ficamos com opções valvuladas somente nos segmentos de produção musical e amplificação estéreo residencial.
Músicos preferem amplificadores valvulados para seus instrumentos por causa da distorção característica produzida pelas válvulas e pelos transformadores utilizados em condições de sobrecarga, que é e bem diferente da produzida por circuitos transistorizados na mesma condição.