Em alguns modelos da Philips brasileira havia a recomendação, por exemplo, para que, previamente à calibração, fosse providenciada a ligação de uma pilha de 1,5 V, com positivo à massa, para manter a grade de controle da válvula (v. Figura 6) sob polarização negativa. Com a medida se evita o efeito de “gangorra” durante a calibração. Com polarização negativa, fixa, fica limitada a ação do CAG, controle automático de ganho. O efeito “gangorra” pode resultar alinhamento falso no receptor.
Não vá na conversa dos que se jactam, na internet, de realizar a calibração de qualquer receptor apenas com o ouvido. Talvez em noveleiro de ondas médias, de cabeceira, isso funcione, como “quebra-galho”. Uma calibração improvisada, sem instrumental, dificilmente será capaz de suplantar o procedimento com gerador de sinais, como preconizado pelo fabricante.
Além de providências prévias, como a de bloquear a ação do CAG, também denominado, algumas vezes, de CAS, controle automático de sensibilidade, há receptores que exigem a neutralização de filtros de ondas (wave traps), existentes em pontos do circuito, antes do procedimento de calibração do aparelho. Em alguns modelos americanos adotava-se o método de curto-circuitar também pontos especiais do circuito, para facilitar a calibração.
A maioria dos fabricantes adotava a regra “4-3-2-1”, para a sequência de calibração dos circuitos de FI. Outros determinavam – como em certos modelos mais elaborados da Philips ─ que as FIs fossem ajustadas em sequências diferentes, como veremos mais adiante. A regra de ouro para as calibrações, enfim, é: seguir sempre as orientações do fabricante.
O gerador de sinais. A segunda ferramenta mais importante, depois do manual de serviço, é o gerador de sinais, também chamado de gerador de RF, oscilador de HF ou de calibração. O gerador de sinais de RF foi, continua e será sempre indispensável. Uma calibração improvisada, sem instrumental adequado, não é capaz de se igualar ao procedimento, bem executado, com um gerador de sinais.
De tipo antigo ou mais atual, o gerador de sinais a ser usado na calibração de FIs de receptores valvulados, deve possibilitar a cobertura das frequências usuais de 455 e 465 kHz, pelo menos.
O gerador deve ser capaz de fornecer um sinal minimamente estável. Deve também, de preferência, possuir um circuito atenuador na saída, de forma que se possa regular a amplitude do sinal fornecido. O ideal é que o gerador possa reduzir o sinal a até 1 µV ou menos e que tenha modulação interna de 400 ou 1.000 Hz
O atenuador serve para evitar que sinais de grande amplitude sobrecarreguem os circuitos sintonizados: com a atuação do CAG do receptor podem produzir, por exemplo, o fenômeno da “dupla sintonia”, levando a calibrações errôneas.