Em receptores de comunicações, o interesse maior era o da inteligibilidade da voz. Nos bons receptores domésticos as preocupações eram sensibilidade, seletividade e a qualidade sonora. Com banda de passagem larga, melhor é a qualidade do som, mas menor a seletividade.
Problemas mais comuns nos transformadores de FI
O desempenho dos circuitos sintonizados de um receptor está diretamente relacionado à qualidade dos indutores utilizados. Bobinas e transformadores de RF de elevada qualidade sempre foram o objetivo dos projetistas, montadores e experimentadores.
Um “Q” alto e constante nos indutores do transformador de frequência intermediária é a chave para a obtenção de seletividade e sensibilidade elevados no circuito. Para a construção de bobinas de elevado rendimento usa-se principalmente o chamado fio Litz.
As bobinas de FI miniaturas da atualidade, como as que ainda são utilizadas nos rádios transistorizados, são capazes de apresentar um fator Q em torno de 50, no máximo. Já transformadores de FI como os antigos da Philips, possuíam um fator de qualidade “Q” bem alto, de até 140, tanto no primário como no secundário. O “Q” alto era também constante no transformador de FI, independentemente da posição do ajuste de indutância.
Para um “Q” elevado, boa parte dos transformadores de FI do tempo dos valvulados empregava núcleos de material cerâmico de alta permeabilidade e baixas perdas magnéticas, denominado Ferroxcube, no caso da Philips ─ tornando praticamente obsoletas as bobinas de FI tradicionais. Os núcleos ferrimagnéticos utilizados nos indutores são mais conhecidos, na atualidade, pela designação genérica de ferrites.
Fatores de qualidade “Q” de até 200 eram possíveis para indutores com ajuste por permeabilidade, usando núcleos de ferrite. Mas na prática eram usados valores de Q menores, para evitar a ocorrência de instabilidades.
Além dos então novos núcleos de material cerâmico de alta permeabilidade, outra vantagem dos indutores de FI antigos era que utilizavam o fio Litz. O nome “fio Litz” vem do alemão “Litzendraht”, que significa “fio torcido”. Na verdade, não é um único fio: o usado em rádios é um condutor que consiste em um feixe de fios bem finos, esmaltados, cobertos por uma capa de algodão ou seda.
Condutores Litz oferecem baixa resistência às correntes de radiofrequências. Outra de suas vantagens é que aproveitam melhor o efeito pelicular, pelo qual a corrente flui melhor no exterior do que no centro dos condutores.
Condutores tipo Litz permitem, igualmente, a construção de indutores com menores capacitâncias parasitas, graças ao sistema de cruzamento do fio no enrolamento. Condutores Litz são preferenciais no enrolamento de indutores de alto “Q”, mas a eficácia está limitada a aproximadamente 3 MHz, dependendo das bitolas dos fios.