Figura 4: A curva de seletividade, mostrada no anúncio das bobinas de FI da Comar, um fabricante antigo de bobinas, revela que um dos segredos da indústria era um bom projeto, com o uso inteligente do acoplamento entre os enrolamentos. Com acoplamento frouxo entre primário e secundário, a faixa de passagem é estreita, mas com menor amplitude e rendimento, prejudicando a sonoridade. Em um acoplamento mais cerrado, a amplitude da curva será máxima, mas a largura de banda aumenta. Até o chamado “ponto crítico”, a resposta é boa, com laterais que permitem a passagem não só dos agudos, mas também de parte das frequências graves, mantendo boa seletividade.
O ganho de tensão na etapa de FI pode variar nos valvulados, dependendo do circuito do receptor, tipo e características da válvula amplificadora etc. O ganho total de tensão depende também da quantidade de estágios, podendo chegar de 60 até 100 dB. Cada etapa pode ter um ganho de tensão de aproximadamente 20 a 30 dB. Se o rádio tiver três estágios de FI ─ como acontecia em alguns modelos mais elaborados ─ o ganho total pode ser de 60 a 90 dB.
Um ganho de 20 dB corresponde a 10 vezes em termos de tensão. Um ganho de 30 dB corresponde a um fator de aproximadamente 31,6 vezes em termos de tensão.
Receptores antigos, que funcionavam com FIs de 15 kHz e operavam com tríodos, eram instáveis e tinham baixíssimo rendimento ─ obrigando os fabricantes a adotarem várias etapas de FI para aumentar o ganho.
Receptores mais complexos, operando com pêntodos, chegavam a ter até três estágios de FI. Três etapas com ganho de 30 dB cada corresponderiam, nesse caso, a um total de 90 dB. Um ganho de tensão total de 90 dB corresponde a um ganho linear de 31.622 vezes. O ganho do estágio de FI, entretanto, não pode ser excessivo: geralmente adotava-se um ganho de FI de 600 para um canal, com uma válvula amplificadora.