A etapa de FI e seus admiráveis transformadores

Curvas de respostas estreitamente verticalizadas, de alta seletividade, nos transformadores de FI, proporcionam ganho elevado, mas geralmente resultam numa certa “estridência” na sonoridade, por limitarem, na faixa passante, muitas das frequências de áudio correspondentes aos sinais de AM musicais. Sinais de telegrafia, por exemplo, são estreitos. Já sinais com conteúdo musical exigem uma largura de banda maior, para uma boa reprodução sonora.
Por esta e por outras razões, o projeto de transformadores de FI era uma tarefa complexa. O projetista precisava conciliar ─ com maestria e arte ─ sensibilidade, seletividade, ganho, estabilidade e qualidade de áudio.

Figura 3: Como a curva de resposta dos filtros de FI pode ser influenciada pelos valores de “Q” dos indutores. Nos baixos valores de Q (em verde) a seletividade e o ganho (dB) são menores. Com valores altos de Q (em vermelho), o ganho e a seletividade são maiores, mas a banda passante fica mais estreita, o que pode diminuir a qualidade sonora. Os bons transformadores de FI de antigamente geralmente apresentavam fator Q acima de 100 em cada indutor (“Q” de até 140 nos Philips). Tudo era configurado ─ “Q”, faixa de 10 kHz para a passagem das bandas laterais, ganho, sensibilidade, seletividade ─ de forma que a etapa ficasse otimizada, possibilitando, igualmente, uma boa reprodução do conteúdo de áudio do sinal de AM.  ─ Fonte da ilustração: https://components101.com/articles/how-does-quality-factor-impact-the-performance-of-an-inductor .

Boa qualidade na reprodução sonora, por exemplo, frequentemente requeria um topo menos agudo, mantendo base larga na curva de resposta do transformador de FI. Na banda passante de FI, o segredo era conseguir manter as faixas laterais da curva suficientemente largas e verticalizadas, permitindo uma resposta a mais plana possível, dos agudos aos graves ─ sem afetar a seletividade e a sensibilidade do receptor.

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