Ressalte-se também que a melhor transferência de energia é obtida quando a impedância do transformador se iguala à da válvula. Desta forma, pouco adianta tentar substituir um antigo transformador de FI de aparelho valvulado, por um mais moderno, de circuitos transistorizados, por exemplo. Não dará certo: funcionam em impedâncias diferentes. O transformador de FI para semicondutores provavelmente será “visto” como curto-circuito e “matará o sinal” nos circuitos valvulados.
Mesmo entre os valvulados, havia diferenças entre os transformadores de FI: eram produzidos de acordo com as características da válvula de FI adotada no circuito. Com um descasamento muito grande, a própria válvula pode provocar uma diminuição do “Q” do estágio sintonizado, com consequente prejuízo ao rendimento e à seletividade.
A substituição de transformador de FI danificado por outro com características semelhantes pode ser experimentada, entretanto, a título de “quebra-galho” na recuperação do aparelho ─ se não houver uma alternativa melhor. Se o transformador substituto tiver dimensões menores poderá ser embutido na blindagem do original.
Atenção: alguns fabricantes fabricavam a primeira FI diferente da segunda FI. Assim, elas podem não ser intercambiáveis entre si.
FI filtra estática?
Transformadores de frequência intermediária, como vimos, são filtros passa-banda. Alto “Q” e menor largura de banda em parte diminuem ruído ─ melhoram a relação sinal/ruído. Como filtro passa-banda, um transformador de FI atenua ou rejeita as frequências fora da faixa passante.
Assim, com “Q” elevado, o transformador de FI rejeitará ou atenuará sinais numa banda bastante estreita. Essa atenuação, contudo, não funcionará para ruídos que já estejam contidos na faixa passante.
Filtros de FI diminuem os ruídos atmosféricos? Boa pergunta. A Douglas, em anúncio publicado antigamente em ANTENNA, afirmava que as suas bobinas de FI “conquistavam o espaço” e ofereciam “menos estática”.
A Douglas era outra indústria que oferecia bons transformadores de frequência intermediária, juntamente com a Comar, Philips, Tiple e outras. As bobinas da Comar foram usadas em projetos de receptores da própria Philips/Ibrape, por vários anos, até que esta começasse a produzir os seus próprios indutores.
Os indutores fabricados pela Tiple foram indicados pela Philips, por exemplo, para utilização na montagem de receptores no tempo das válvulas conversoras ECH42, UCH42 e DK92.
A diminuição de estática ocorria em parte sim, em parte não. Os ruídos atmosféricos são gerados por descargas elétricas entre as nuvens, ou entre as nuvens e o solo. A energia destas descargas, de grande amplitude e banda larga, tem pico nos 10 kHz.