Paulo Brites*
INTRODUÇÃO – A quem se destina este curso
A maneira como os livros nacionais clássicos tratam a Eletrônica Digital não me agrada e acho que quem está se iniciando no assunto tem a mesma impressão que eu. Tentar estudar por estes livros é um convite a desistir. Quando eu fiz o curso técnico a eletrônica digital chamava-se técnica de pulsos e era feita com válvulas!
De repente, 10 anos mais tarde, 1978, fui fazer um treinamento sobre eletrônica digital na Ericsson em São Paulo por conta da Embratel onde eu trabalhava na época. Os circuitos integrados já estavam começando a chegar. Foram três semanas bem “puxadas” de curso. Tive que estudar muito.
Voltei empolgado com o assunto e comecei a “comer” todos os livros sobre eletrônica digital que conseguia mandar vir lá dos “isteites”. Sempre fui autodidata, gosto de estudar sozinho, às vezes, é mais demorado, mas se houver dedicação, quando se aprende, se aprende para sempre. Não me limitava a ler, mas também a praticar, montando circuitos e analisando como eles funcionavam. Aliás, isto é o segredo para se aprender, praticar bastante.
Naquele ano eu tinha publicado o meu primeiro artigo na Revista Antenna e logo comecei a produzir artigos sobre minhas experiências com eletrônica digital (sem válvulas!). Alguns artigos meus foram copiados e indo para numa publicação no Uruguai chamada Eletronica al día.
Contatei o editor e comecei a escrever para eles um cursinho de introdução a eletrônica digital. De repente o contato com editor no Uruguai cessou. Ele não respondia mais as minhas cartas. Sim, a comunicação era por cartas, datilografadas, acreditem! Talvez ele tenha “sumido”, não sei. Era a época das ditaduras geradas em Washington e implantadas na América do Sul. Tudo na melhor das intenções, para impedir que o comunismo tomasse conta do mundo.
Mas, voltando à eletrônica, cada vez mais ia percebendo que deveria existir uma outra forma de explicar as coisas de modo que todas as pessoas pudessem entender e não apenas alguns privilegiados (que talvez nem entendessem tanto assim do que falavam). Ministrei vários cursos, escrevi várias apostilas e artigos, mas ficou tudo espalhado por aí.
Chegou a hora de botar a casa em ordem. Escrever um livro sobre eletrônica digital que não faça as pessoas desistirem após terem lido o primeiro parágrafo sempre esteve nos meus planos. Pretensioso demais? Sim, sou pretencioso e ousado. Sou revolucionário.
Sigo as palavras do Papa Francisco e as ideias de Galileu, que dizia que não existe ninguém que não possa aprender alguma coisa nova, desde que tenha foça de vontade e encontre alguém que esteja disposto a lhe ensinar. Espero que lhe seja útil e que perceba que a eletrônica digital não é complicada como muitos pensam.
O autor.
*Professor de Matemática e Técnico em Eletrônica