Marcelo Yared*
Quando pesquisamos o assunto áudio-amplificação na Internet e nas redes sociais, há sempre opiniões, diversas, e bastante informação disponível.
Absorver informação não é muito diferente de se ingerir alimentos, no sentido de que, se digerirmos algo de má qualidade, ou estragado, no mínimo não nos saciaremos adequadamente e, no limite extremo, poderemos ir desta para melhor. Então, é necessário muito cuidado com o que se lê, se ouve e se vê hoje em dia, pois certas informações e crenças podem sim até matar.
Felizmente, risco de morte elevado não é o caso de áudio-amplificação moderna, em baixa potência, na maioria das vezes. Apesar disso, é recomendável, sempre, se ter cautela quando se mexe com eletricidade. Tais cuidados têm que ser redobrados quando se trabalha com válvulas termiônicas. Estas últimas trabalham com tensões que podem sim, matar. Recomendamos, sempre, buscar auxílio qualificado ou mesmo evitar tais circuitos, sem o treinamento adequado.
Dito isto, vamos ao que interessa, que é aproveitar as informações disponibilizadas pelo professor Álvaro Neiva no artigo “Amplificador Para Fones. Ou Será Mais? ” e oferecer “algo mais”. No artigo citado, aprendemos que amplificadores que trabalham em classe A, com seus dispositivos de saída ativos nos 360 graus de excursão do sinal, apresentam, teoricamente, as melhores características no que se refere à linearidade da amplificação, com menor distorção, particularmente em pequenas excursões.
Essa maior linearidade tem um custo: energia, dissipada na forma de calor. Na melhor das hipóteses, um amplificador em classe A, em sua forma canônica, irá apresentar eficiência global máxima de 50%, sendo que, com sinais e regimes musicais, ela é muito menor. Sem sinal, praticamente toda a potência disponibilizada pela fonte de energia do amplificador será dissipada nos dispositivos de saída.
Em resumo, amplificadores em classe A esquentam muito, e não devem ser confundidos com os produtos de marquetingue das décadas de 1980 a 1990, com seus nomes lembrando, vaga ou diretamente, aquela classe de amplificação (Super A, Class AA, A+ etc). Estes não alcançam a linearidade de um amplificador em classe A e nem esquentam como ele, em regime permanente.
Essas características, a baixa eficiência e o consequente alto nível de calor gerado, são os motivos desses amplificadores não serem populares, principalmente numa quadra da história da humanidade em que a energia custa caro, porque, além de gastar energia inutilmente em calor, em condições normais esse calor tem que ser dissipado do ambiente e, para fazer isso, normalmente gasta-se mais energia ainda, com ventilação ou refrigeração. Talvez na Sibéria isso não seja problema, mas no Brasil é, com certeza.
*Engenheiro Eletricista
Ótimo.
Muito bom!!!
Também montei um amplificador. Um JLH 1969 (10W) por canal.
No meu caso ficou assim:
Amplificador monobloco “CLASSE A” PURO / em 6 e 8 ohms
Alimentação: 18V DC
I.Q. (BIAS) = 2A
TESTES:
Potência máxima sem distorção (1kHz) = 7W rms (por canal)
Entrada máxima de sinal sem distorção (1kHz) = 524mV (-3,5dB)
Saída máxima de sinal sem distorção (1kHz) = 6,45V
Baseado no circuito do Engenheiro Eletrônico John Linsley-Hood 1969.
No meu canal do youtube tem alguns testes que fiz do amplificador.
PDF CIRCUITOS:
https://drive.google.com/drive/folders/1hqNqf1LpdyNb26nMPSwo5KOk3z-7M26V
Videos testes do amplificador CLASSE A:
https://www.youtube.com/playlist?list=PLceAdLTPocSHFkuiKAzEND4Blkb3-oGuQ