Jaime Gonçalves de Moraes Filho*
Lembranças ou…
O primeiro rádio nunca se esquece!
Tal como comentei no capítulo anterior, periodicamente meu pai sempre tirava um dia para a cuidadosa leitura de uma revista estranha, cujo nome, acreditava eu, era grafado de maneira errada, com dois “N” – ANTENNA. Devia ser bem interessante, porém apenas os anúncios me eram compreensíveis.
Tempos depois, com 13 ou 14 anos, cursando o antigo Curso Ginasial do Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes, na Ilha do Governador, RJ, encontrei na biblioteca, administrada pela Prof. Maria Amélia, esposa de PY1FX, irmão de PY1AFA, Gilberto Affonso Penna, um livro que iria nortear a minha vida futura: o “Eletricidade ao alcance de todos”, de Robert R. Lunt e William Wymann.
Em cada capítulo era sugerida a montagem de determinado equipamento elétrico: eletroímãs, campainhas, galvanômetros, um motor elétrico e… três tipos diferentes de rádios, começando com um receptor a cristal.
Após revirar toda a casa, descobri em uma caixa o meu antigo rádio Galena, de fabricação comercial, um “Philmore”, dos anos 40, de onde retirei os fones e o precioso cristal de Galena, encrustado em uma peça de chumbo. Para completar teria que arrumar um capacitor variável e enrolar a tal de bobina…
Conseguido o capacitor variável, retirado de um velho chassi RCA, o próximo passo foi enrolar, sobre um tarugo de madeira, 80 espiras de fio esmaltado número 26, vindo de um transformador sucateado e cuidadosamente desmontado. Tudo montado conforme o livro, e uma vez ligado aos parafusos a antena e o Terra, o que ouvi nos fones foi…. o silêncio total! Sequer um sussurro. Feita a revisão, não encontrei nada de errado. O remédio foi aguardar a chegada de meu pai para que ele desse um jeito na coisa.
FIG 1 – Receptor Philmore – década de 1940
* Professor de Física e Engenheiro de Eletrônica
