Jaime Gonçalves de Moraes Filho*
O advento da televisão trouxe um problema sério: a manutenção dos aparelhos de TV. Se hoje em dia contamos com a Internet como fonte de informações, no início dos anos 50 o técnico tinha de se arranjar com o pouco material impresso disponível.
Na ânsia de receber uns trocados, “técnicos” mal preparados acabavam por provocar outras avarias, além daquela para a qual foi chamado.
O improviso quase sempre acabava por tomar o lugar da técnica, atingindo muitas vezes até mesmo o sistema de transmissão.
Segundo o relato de um técnico que na época trabalhava na antiga TV Tupi, no Rio de Janeiro, não existiam os recursos necessários para monitorar a transmissão.
Para tal, um funcionário era deslocado para a loja da Mesbla, local onde ficavam em exposição vários televisores ligados no canal 6.
Através de uma ligação telefônica, o pessoal do transmissor recebia as informações sobre a qualidade da imagem, fazendo, caso necessário, os devidos ajustes.
Um dos problemas a enfrentar era a estabilidade da imagem, que, para se manter perfeita, necessitava de ajustes periódicos dos controles “Horizontal” e Vertical”, fato agravado pelo fato da transmissão de TV ser feita no padrão de 60 Hz em local onde a rede elétrica era de 50 Hz, problema que demorou ainda quase 20 anos para ser resolvido.
A tal “faixa misteriosa” era um desafio a ser resolvido, embora a maioria desconhecesse a sua causa.
A situação se agravou quando a TV Tupi-RJ, preocupada com a instabilidade da frequência da rede elétrica da Light, resolveu alimentar seu transmissor por meio de um gerador a óleo Diesel, conseguindo a façanha de piorar o que já era ruim…
* Professor de Física e Engenheiro de Eletrônica