Paulo Brites*
Por que precisamos de um transformador de isolamento?
Precisar não precisa, mas…
Mal comparando, o transformador de isolamento está para bancada do técnico reparador assim como o cinto de segurança ou a cadeirinha para crianças está para o automóvel.
Aliás, isto acontece com todo dispositivo de segurança, só sentimos sua falta depois do acidente e aí, dizem que foi uma tragédia; eu diria que foi uma omissão.
Mesmo correndo o risco de parecer um exagero de minha parte, eu diria que o transformador de isolamento atua como uma espécie de “air bag” numa bancada de reparação, principalmente depois das fontes chaveadas, usadas em, praticamente, todos os equipamentos eletrônicos “atualmente”, nos últimos 30 anos, pelo menos.
Com relação à proteção do técnico contra um choque elétrico “indesejável” (sempre) a tomada com três pinos poderia ser eficaz, se a indústria brasileira não a tivesse ignorado, usando de um eufemismo para boicotá-la – a norma técnica NBR14136 da ABNT- e passado a vender equipamentos eletrônicos, até de alto valor, com tomadas de dois pinos onde fase e neutro ficam indefinidos.
Sabe-se que, no Brasil, a questão de aterramento ainda é um tabu e muito mal compreendida, principalmente, pelos “pedrecistas” que, muitas vezes, ligam o terceiro pino, de proteção, junto com o neutro.
Neste caso, é melhor mesmo que a tomada só tenha dois pinos.
Como dizem por aí, entre o ruim e o pior fica-se com o pior e “a gente vai levando”, como diz a canção de Chico Buarque.
*Professor de Matemática e Técnico em Eletrônica