Jaime Gonçalves de Moraes Filho*
Mãos à obra!
Tal como comentamos no capítulo anterior, ao folhearmos os primeiros números da revista Antenna, de imediato nos damos conta das imensas dificuldades enfrentadas na época pelos entusiastas da Radiodifusão.
Além da ausência dos componentes mais elementares e do elevado custo daqueles poucos disponíveis no mercado, havia também a quase total falta de ferramentas apropriadas, tais como alicates de corte e de bico, soldadores, e até mesmo a solda com fluxo, o que obrigava os amadores a, muitas vezes, ter de fabricar a sua liga metálica de chumbo e estanho no fogão da cozinha e depois utilizar breu ou uma solução e cloreto de zinco como decapante, sendo este ultimo totalmente desaconselhável para o uso em eletricidade, devido à corrosão que, fatalmente, iria ocorrer com o tempo, porém, era utilizada por muitos teimosos.
No número 1 de Antenna, a seção “Diga-me por que….” nos apresenta todas as informações necessárias para a obtenção de uma boa soldagem, usando é claro, um ferro de soldar aquecido em um fogareiro…
Devido ao elevado custo dos componentes, poucos amadores possuíam receptores a válvulas, a grande maioria tendo de apelar mesmo para os receptores a Cristal de Galena, cuja seletividade era bastante precária, devido principalmente à qualidade dos “Phones de ouvido”, cuja baixa impedância, em paralelo com a bobina, reduzia o fator de qualidade (Q) do circuito ressonante, acarretando uma “mistura’ entre as estações.
Mas, se por um lado uma única válvula já iria permitir a construção de um receptor mais seletivo, no caso um regenerativo, outro problema surgia.
* Professor de Física e Engenheiro de Eletrônica